Resenha | O gigante enterrado, de Kazuo Ishiguro

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Escritor: Kazuo Ishiguro
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 398
Sinopse: "Num tempo em que mito e história são duas faces da mesma moeda, a Grã-Bretanha está em ruínas, marcada pelas recentes guerras entre bretões e saxões e pela queda do rei Arthur. A população, órfã e desnorteada, vê-se exposta às mais diversas ameaças, de invasões de ogros a uma misteriosa névoa que afunda o passado no esquecimento.
Quando Axl e Beatrice decidem partir em busca do filho, não se lembram de suas feições, da última vez em que o vira, e nem mesmo sabem ao certo seu paradeiro. Durante o percurso, o casal de idosos encontrará o sir Gawain e outros cavaleiros remanescentes da era arturiana, se engajará na busca de uma dragoa que parece estar ligada à nevoa e terá seu amor posto à prova - afinal, será que o afeto continua forte o bastante quando já se podem rememorar as alegrias e agruras que compartilhamos ao longo dos anos?"
"Tem muitas coisas que não me importo nem um pouco que se percam na névoa, mas é cruel quando não conseguimos nos lembrar de algo precioso assim." (pág. 41) 
 Nesse livro nós vamos conhecer a história de Beatrice e Axl, um casal de idosos que estão  à procura de seu filho mesmo não lembrando de sua aparência e nem quando foi a última vez que tiveram contato com ele. Tudo que eles possuem são vagas lembranças sobre ele.

Mas por quê eles não se lembram de nada? Há uma névoa dissipando por todo o povoado o que traz o esquecimento: ninguém é capaz de lembrar de acontecimentos passados e até mesmo os mais recentes são esquecidos. Apenas alguns bons acontecimentos vivem intactos na memória.

Mesmo com suas vagas lembranças, o casal decide sair em busca de seu filho e procuram uma forma de descobrir o que é essa névoa e o que é capaz de destruí-la. Será que as poucas lembranças são capazes de fazer ambos superarem essa jornada? Será que quando conseguirem descobrir como dissipar a névoa e as lembranças voltarem, ambos ainda irão se amar mesmo com as antigas lembranças?
"Nós aceitaremos as más lembranças de volta também, mesmo que elas nos façam chorar ou tremer de raiva. Afinal, elas não são a vida que compartilhamos?" (pág. 196)
Durante sua viagem eles se deparam com personagens intrigantes como Winstan, que parece ser a resposta para o fim da névoa que rouba as memórias, Edwin, o menino que carrega uma maldição e que pode ser a promessa de um futuro, além de Sir Gawain, último remanescente da Távola Redonda e sobrinho do Rei Arthur. Cada personagem tem um papel fundamental na jornada dos protagonistas.



Eu li muitos comentários positivos sobre esse livro e quando ganhei o sorteio da Companhia das Letras, não pensei duas vezes em escolher este livro. Porém, não me agradou muito. Garanto que esse é um livro que não é capaz de agradar todos os tipos de leitores. 

O que me fez interagir mais com o livro foi que essa "névoa de esquecimento" fez com que eu me esquecesse de certos acontecimentos também, pois Kazuo escreveu de uma forma que você pensasse: "mas como isso aconteceu?". E a forma como Beatrice e Axl compartilhavam o seu amor.
"Mas você mesma não disse, princesa, que a nossa vida juntos é como uma história com final feliz, não importa que curvas ela tenha feito no caminho?" (pág. 308)
Por mais que eu achei o contexto incrível (e quem não acharia interessante essa tal de névoa?!), ao mesmo tempo achei a história muito cansativa. Cada capítulo com mais de 20 páginas o que deixou tudo mais lento e a narrativa não me conquistou muito. A história não flui naturalmente, não é uma leitura fácil. É como a viagem que eles faziam: a pé. Para fazer com que o leitor vivesse assim como eles estavam vivendo. Mas, infelizmente, o livro não me conquistou tanto quanto eu esperava.

Avaliação: ♥ ♥

Postar um comentário