Resenha | Céu sem estrelas, de Iris Figueiredo

Sabe aquele livro que você sente vontade de abraçar os personagens durante a leitura? Foi assim que me senti com Céu Sem Estrelas, esse livro nacional publicado pela Editora Seguinte e escrito pela Iris Figueiredo.

"Como alguém achava que estava no direto de opinar sobre quem eu era, o que vestia? Como alguém sentia no direito de me deixar mal só por existir?" (pág. 49)

Cecília acabou de completar 18 anos, mas sente que sua vida está completamente fora dos trilhos. Depois de perder seu primeiro emprego e ter uma briga terrível com sua mãe, ela se sente completamente perdida. Como lidar com todas essas mudanças repentinas em sua vida? Então ela decide passar um tempo na casa da sua melhor amiga, Iasmin.

Porém, Cecília nunca contou - nem para a sua melhor amiga - que sempre teve uma paixão secreta pelo seu irmão, o Bernardo. E agora, morando sobre o mesmo teto, os sentimentos irão aflorar ainda mais. Além disso, ela terá que lidar com todas as suas inseguranças e Bernardo com todos os traumas e ressentimentos.

"Quatro palavrinhas: quero falar com você. Em mim, tinham o mesmo efeito de uma bomba-relógio. Era capaz de ouvir o tique-taque da contagem regressiva para a explosão de neuroses. Não importava o tom ou quem dissesse, aquela era uma das frases que eu mais odiava." (pág. 156)

Desde ano passado, quando fui no evento da Flipop aqui em São Paulo e conheci a Iris, fiquei com aquela sensação que precisava ler sua obra. Porém, o tempo foi passando e quando vi, ela continuava lá, só aguardando. Mas foi quando a Editora Seguinte organizou uma leitura coletiva e vi a oportunidade perfeita de começar a leitura de Céu Sem Estrelas e sem dúvidas, valeu toda a espera.

Aqui conhecemos a Cecília, uma personagem maravilhosa e que passa por momentos delicados, principalmente o desprezo de sua mãe, e inúmeras coisas que acontecem em sua vida, acaba sendo um gatilho. Por outro lado, conhecemos o Bernardo que é aquele personagem que a gente se apaixona logo de cara, principalmente por todos os seus gestos simples e protetores.

Além de sentir vontade de colocar esses dois personagens no potinho, a gente se apaixona pela melhor amiga, a Iasmin. Ela é aquela menina que gostamos facilmente, assim como o Bernardo. Tem carisma, alegria e é sempre amável. Uma amizade da qual sempre desejamos ter por perto e em todos os momentos.

"Às vezes perguntava o que queria da vida, para onde estava indo, o tipo de coisa em que a gente se pega pensando de madrugada, quando ninguém pode entrar na nossa cabeça e ver o quanto é uma bagunça." (pág. 184)

O que eu mais gostei em Céu Sem Estrelas foi a forma como a autora conseguiu abordar diversos assuntos importantes. Aqui, ela apresenta sobre como a sociedade sempre quer "impor" um padrão de beleza e isso faz com que afete muitas pessoas; abordou um pouco sobre depressão, angústia e outros diversos sentimentos, mas mostrou também, que quando confiamos e amamos alguém, essa pessoa pode nos fazer enxergar o melhor em nós, algo que muitas vezes ignoramos.

Acredito que essa é a mensagem mais valiosa do livro, sabe? Fazer com que a gente enxergue dentro de nós mesmos. Encontrar a beleza em nós e nas pequenas coisas e que tudo que acontece em nossas vidas, podemos usar como forma de aprendizado e lidar com tudo. Pode parecer difícil, mas não é impossível.

"Nem sempre a gente é capaz de lidar com tudo o que está acontecendo por conta própria, mesmo que ache o contrário. Aí precisamos de uma pessoa com quem conversar." (pág. 281)

A Iris Figueiredo tem uma escrita fluída e cativante. Ela me deixou completamente envolvida com o enredo e com todos os dilemas dos personagens. Eu não sentia vontade de largar o livro! Tudo o que eu queria era saber o que aconteceria no capítulo seguinte e em certo momento, senti que meu coração iria parar. Ela descreveu alguns acontecimentos que me deixou completamente desesperada e a necessidade de saber o desfecho final gritou ainda mais forte.

Com os capítulos intercalados no ponto de vista de cada personagem, nós sentimentos tudo com total intensidade. Recomendo muito a leitura, mas deixo um alerta que pode conter gatilhos para algumas pessoas. É um romance sensível e completamente envolvente, onde aborda sobre autoestima, família e saúde mental.

"Quando nos importamos com alguém que vive uma luta tão profunda contra seus próprios monstros, o medo de que algo esteja fora do lugar bate à porta." (pág. 321)

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Título original: Céu sem estrelas

Escritora: Iris Figueiredo

Editora: Seguinte

Páginas: 360

Lançamento: 2018

Gênero: jovem adulto / romance / literatura nacional

SINOPSE

Cecília acabou de completar dezoito anos, mas sua vida está longe de entrar nos trilhos. Depois de perder seu primeiro emprego e de ter uma briga terrível com a mãe, a garota decide passar uns tempos na casa da melhor amiga, Iasmin. Lá, se aproxima de Bernardo, o irmão mais velho de Iasmin, e logo os dois começam um relacionamento.
Apesar de estar encantado por Cecília, Bernardo esconde seus próprios traumas e ressentimentos, e terá de descobrir se finalmente está pronto para se comprometer. Cecília, por sua vez, precisará lidar com uma série de inseguranças em relação ao corpo — e com a instabilidade de sua própria mente.