Em "as pequenas alegrias", de Virginie Grimaldi, vamos conhecer um pouco mais sobre momentos que mudam nossa vida para sempre.
Aqui conhecemos Élise, uma mulher de 50 anos e que está aprendendo a lidar com a solidão, agora que seus filhos saíram de casa e tudo o que restou foram as lembranças e o cachorro.
Também conhecemos Lili, uma mulher que acabou de ter a sua menininha e está aprendendo a ser mãe. Ficando muito tempo no hospital por conta que a criança nasceu prematura, muita angustia e questionamentos rondam a sua cabeça.
Duas versões completamente diferente, mas ambas estão aprendendo inúmeras coisas nesse processo e, principalmente, sobre os pequenos grandes momentos da vida.
"É fácil sentir raiva para disfarçar a tristeza e o medo, para ocultar a culpa e a vergonha. A raiva é uma emoção coringa, que toma o lugar das que nos sobrecarregam, e que nos permite aguentar firme, transformando-nos em perfeitos tiranos." (pág. 26)
Sabe aquele livro que conquista logo nos primeiros capítulos e os acontecimentos vão fisgando e te deixando mais envolvida na trama? Foi exatamente dessa forma que me senti com "as pequenas alegrias".
Algo que me surpreendeu muito aqui foi a questão de abordar uma trama mais materna. Até este momento, eu tinha lido pouquíssimos livros com essa temática, mas a forma como a Virginie Grimaldi apresentou aqui, mulheres aprendendo a ser mãe e lidando com a maternidade em várias fases da vida, me fez refletir sobre inúmeras coisas.
"Podemos nos recuperar de tudo. Nem todas as peças estarão no lugar certo, algumas estarão faltando, mas conseguimos nos reconstruir. Leva tempo, damos um pequeno passo para a frente e três grandes saltos para trás, mas o ser humano é assim. É tão trágico quanto sublime." (pág. 88)
Sempre tive vontade de ser mãe, mas também sempre imaginei que nem tudo é as mil maravilhas. A vida muda após uma criança e mesmo quando algumas mulheres acham que não estão preparadas, as coisas acontecem para provar que estão, sim. O instinto materno e o amor por aquele pequeno ser pode mudar tudo. E isso me conquistou imensamente.
Élise e Lili são a demonstração de mulheres fortes e que lutam pela maternidade. Apesar de cada um estar em uma fase completamente diferente, ainda assim é possível perceber o quanto o amor pode mudar o mundo; o quanto o amor de uma mãe pode ser algo arrebatador.
"Os livros são a melhor maneira de voar para outras realidades quanto a nossa está pesada demais." *pág. 125)
E no decorrer da história, há uma revelação que me deixou realmente chocada. Não sei se a resposta esteve sempre ali "na minha cara", mas confesso que quando aconteceu, fiquei surpresa. Posso dizer que mesmo que tudo estivesse bem ali, a forma como me envolvi e me apaixonei por esse livro, fez tudo valer a pena.
"As pequenas alegrias" foi uma leitura bem cativante e envolvente. Uma obra que capta medos, esperanças e experiências. Um livro que vai conquistar o coração de quem ainda não é mãe e de quem já é, sem dúvidas vai proporcionar uma experiência muito além.
"Dizem que é impossível sentir a dor dos outros. É verdade. Seria maravilhoso se pudéssemos confiá-la momentaneamente a outra pessoa, para respirar fundo, ou compartilhá-la em pedacinhos a nosso redor. Cada apoio, cada presença, seriam uma muleta sobre a qual poderíamos nos apoiar ao cambalear." (pág. 143)
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"Depois de vividas, as pequenas alegrias não desaparecem. Em algum lugar, bem no fundo, elas duram para sempre. São chamadas de recordações." (pág. 246)
Com a proximidade do seu aniversário de 50 anos, Élise precisa aprender a lidar com a solidão. Sua filha mais velha vive em Londres, e o caçula acaba de se mudar para Paris. Como se não bastasse, sua única companhia para enfrentar o ninho vazio é um cachorro desajeitado e um tanto depressivo. Agora, ela deverá encontrar um novo sentido para sua vida e reaprender a não viver em função dos filhos.
Em situação oposta está Lili, que ainda não estava pronta para dar à luz uma menininha. Sua filha chegou antes da hora, trazendo consigo todas as angústias e temores que só uma mãe é capaz de sentir: Ela vai resistir? Como existirei sem minha filha? Ela viverá bem? Algum dia nossas vidas voltarão ao normal? Lili ainda busca entender como um ser tão minúsculo pode ocupar tamanho espaço na vida de alguém.
Duas histórias, duas versões diferentes da maternidade: a mulher que precisa aprender a ser mãe e a mãe que precisa reaprender a ser mulher.
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