Imagine uma personagem, nos anos 60, mostrando a uma comunidade científica e até mesmo ao mundo, o quanto ela é maior do qualquer "rótulo" que coloquem nela. Essa é a Elizabeth Zott, de Uma Questão de Química.
Elizabeth é uma química talentosíssima e só quer realizar a sua pesquisa em paz. Infelizmente, em 1960, a comunidade química não tem uma visão igualitária dos gêneros. Na verdade, não só o instituto onde ela trabalha, mas também a sociedade como um todo. E eles parecem determinados a fazerem o possível para atrapalhar a sua carreira.
Apesar de muitos homens machistas dessa época, existem aqueles dos quais nos orgulhamos e é o caso de Calvin Evans. Ele é introvertido e um brilhante pesquisados idolatrado no instituto, e é o único que vê Elizabeth além das aparências e a trata como igual, como a profissional que é.
O problema é que eles não esperavam que a química fosse além do laboratório. Elizabeth tem uma maneira diferente de enxergar a vida, assim como Calvin, mas aos poucos, vão se entendendo e se adaptando a uma nova rotina. Uma rotina da qual em 1960 seria totalmente "fora dos padrões".
Porém, a vida é imprevisível como a ciência. Elizabeth se torna a maior estrela do programa de televisão, Jantar às Seis. Além de cozinhar, ela também desafia as mulheres a transformar seu papel no mundo e ela faz o mesmo para transformar a sua vida e a sua nova rotina.
"Elizabeth Zott também guardava rancor. Só que seu rancor era dirigido principalmente a uma sociedade patriarcal fundada sobre a ideia de que as mulheres tinham menos valor. Menos habilidades. Menos inteligência. Menos criatividade. Uma sociedade que acreditava que os homens iam para o trabalho e faziam coisas importantes - descobriam planetas, desenvolviam produtos, formulavam leis - e as mulheres ficavam em casa e criavam os filhos. Ela não queria filhos - isso ela sabia sobre si mesma -, mas também sabia que muitas mulheres queriam filhos e uma carreira. E o que havia de errado nisso? Nada. Era exatamente o que os homens tinham." (pág. 18)
Uma das melhores leituras do ano!
Já vou começar essa resenha dizendo que Uma Questão de Química é uma obra que merecia ser super hypada, afinal, estamos falando de uma personagem nos anos 60 transformando a visão de outras mulheres e mostrando ao mundo do que somos capazes.
Elizabeth é uma personagem maravilhosa e que a gente se apaixona logo de cara por sua personalidade. A cada capítulo, a forma como ela demonstra a sua paixão pela química e como é determinada em mudar a visão do mundo, só mostra todo o seu poder e empoderamento. Ela faz com que a gente fique inspirada em cada virar de página.
Quando algo acontece e acaba mudando a sua vida, ela soube como lidar com todas as consequências e posso dizer que foi da melhor maneira, afinal, o que esperar de uma mulher como ela que faz as próprias regras da sua vida?
Os personagens secundários também acabam conquistando muito ao longo da trama. Ao decorrer da narrativa, somos apresentados ao passado dos personagens e conseguimos entender um pouco mais de Calvin e Elizabeth. Esse é um ponto que gostei muito, mostrando tudo o que eles passaram para chegarem onde estão hoje.
"Sempre que vocês começaram a duvidar de si mesmas, sempre que sentirem medo, lembre-se: a coragem é a raiz da mudança, e somos quimicamente programados para mudar. Assim, quando vocês acordarem amanhã, assumam esse compromisso. Não se contenham. Não acatem as opiniões dos outros sobre o que vocês podem ou não podem conquistar. E não permitam que ninguém classifique vocês em categorias inúteis relacionadas a sexo, raça, status econômico ou religião. Não permitam que seus talentos fiquem obsoletos. Planejem o futuro de vocês." (pág. 352)
Um outro destaque de Uma Questão de Química, sem dúvidas, é o Seis e Meia. Que cachorrinho mais adorável e maravilhoso! Ele é companheiro, amigo e fiel aos seus donos. Está sempre presente em todos os momentos e sempre "ajudando" com o que precisa. Sério, vocês precisam ler para entender mais sobre essa figura!
E posso dizer que por ser um livro de estreia da Bonnie Garmus, ela soube fazer uma obra sensacional! Uma das minhas melhores leituras do ano, sem sombra de dúvidas. Um livro que me deixou totalmente envolvida na trajetória dessa personagem cheia de personalidade e me fez sentir inúmeras emoções em cada novo capítulo.
Por fim, um dos maiores recados que podemos levar dessa obra é: faça a sua voz ser ouvida! Não deixe que digam quem você é ou quem você deve ser. Lute por aquilo que acredita. Não desista nunca de tentar por medo do que vão dizer ou pensar. Seja você.
Título original: Lessons in Chemistry
Escritora: Bonnie Garmus
Editora: Arqueiro
Páginas: 384
Ano: 2022
Gênero: chick-lit / romance
SINOPSE
Elizabeth Zott é uma talentosa química que só quer realizar sua pesquisa em paz. Infelizmente, no início dos anos 1960, a comunidade científica não tem uma visão muito igualitária dos gêneros. No instituto em que ela trabalha, os homens a silenciam e sabotam diariamente. Parecem todos determinados a ir às últimas consequências para atrapalhar sua carreira.
Todos menos um. Calvin Evans, o introvertido e brilhante pesquisador idolatrado no instituto, é o único que vê Elizabeth além das aparências e a trata como igual. Contrariando todas as expectativas, ele se apaixona pela inteligência dela, e a química que surge entre eles é avassaladora.
Mas a vida é imprevisível como a ciência. Por isso, alguns anos depois, Elizabeth se vê criando a filha pequena com a ajuda apenas de seu cachorro e de uma vizinha e, por um capricho do destino, se torna a maior estrela do programa de televisão mais visto e adorado dos Estados Unidos, Jantar às Seis.
Sua abordagem incomum da culinária se mostra revolucionária e ela acaba virando o grande fenômeno da nação. Porém nem todos estão felizes com seu sucesso, porque, no fundo, Elizabeth não está apenas ensinando a cozinhar, mas desafiando as mulheres a pensar – e a transformar seu papel no mundo.
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