É possível escolher o próprio caminho e encontrar a felicidade? É exatamente o que encontramos ao longo de "tempo de reacender estrelas", de Virginie Grimaldi.
Anna é uma mulher de 37 anos que está separada e cheia de dívidas. Cada dia é um questionamento de como vai lidar com toda essa situação e ainda conseguir manter as suas filhas, Chloé e Lily.
Em paralelo ao dilema que a mãe tem enfrentado, conhecemos um pouco mais de Chloé, uma jovem de 17 anos cheia de sonhos, mas que está prestes a desistir de todos, pois ela tem visto, mesmo que sua mãe disfarce, como tem sido difícil toda a situação enfrentada. E em seu blog ela encontra forma de expressar todo o seu sentimento.
"Tenho a impressão de que estamos todos a bordo de um ônibus que avança inexoravelmente na mesma direção. Cruzamos uns com os outros, nos perdemos, às vezes seguimos juntos. Alguns descem antes do terminal. Não podemos frear, não podemos parar, só podemos tentar nos sentir o melhor possível." (pág. 93)
E por fim, conhecemos Lily, uma garotinha de 12 anos e que com toda a sua inocência, escreve em seu diário - carinhosamente nomeado de Mathias - sobre os acontecimentos do seu dia a dia e os problemas que tem enfrentado na escola. Ela só espera que sua mãe nunca o encontre.
E no meio dessa avalanche de acontecimentos, Anna demora para perceber que suas filhas não estão bem e estão lidando com situações difíceis. Mesmo repleta de dívidas, ela só quer encontrar algo que as deixem felizes. E é quando ela pega emprestado de seu pai o motorhome e embarca com Chloé e Lily para os países da Escandinávia e o rumo da história começa a desenrolar.
Desde quando li a outra obra da autora (as pequenas alegrias), percebi que Virginie Grimaldi gosta de abordar histórias com personagens que são mães, passando por situações delicadas e que isso pode ser bem parecido com a nossa realidade. Então esse é um ponto que já gostei em sua narrativa.
Nessa obra não foi diferente. A gente vê a jornada de uma mulher que precisava lidar com diversas situações sozinha, mas que além disso, ela lida com outras questões que nunca foram citadas em voz alta para proteger as suas filhas. Quando isso realmente é revelado, meu coração ficou em pedacinhos.
Uma mulher forte, buscando o melhor para suas filhas e que acabou se deixando de lado em diversas situações. Tudo que ela quer é a felicidade da Chloé e Lily, mas essa viagem com as três mostrou um lado do qual ela havia escondido há muito tempo e que a deixou feliz em encontrá-lo.
"Estou longe de ser a pessoa que eu gostaria de ser. Invejo aqueles que não se preocupam com a própria imagem, com o que os outros pensam. Aqueles que têm tanta confiança em si mesmos que nunca se desestabilizam. Eu me questiono tanto que sou capaz de me sentir culpada mesmo sendo vítima. Alguns, para não ofender os outros, não ousam confessar que pensam o contrário. Eu não ouso nem pensar o contrário. Invejo aqueles que não precisam de aprovação dos outros para amar a si próprios." (pag. 157)
Além disso, conhecer o ponto de vista das meninas também foi algo que me conquistou bastante, afinal, estamos falando de duas garotinhas, entre 12 e 17 anos, passando por diversas questões e lidando em silêncio com cada uma delas, expondo da maneira que acham viável e faça com que se sintam melhores.
Essa viagem também foi algo marcante na vida de Chloé e Lily. Elas puderem conhecer um pouco mais sobre o passado da mãe, o porquê da separação, os motivos das dividas e até mesmo se conectarem melhor, afinal, Anna trabalhava muito, então o vínculo com suas filhas acabava ficando em segundo plano.
Já deu para perceber que "tempo de reacender estrelas" foi uma leitura bem tocante, né? Gostei muito de me aventurar pelos países da Escandinávia com as três personagens e de conhecer outros personagens secundários que também tiveram a sua importância na jornada de cada uma delas.
"Ao longo da vida, sempre julgamos aquilo que acontece conosco, nos alegramos ou nos entristecemos. Mas só no fim saberemos se havia motivo para alegria ou tristeza. Nada está fixo, tudo muda. Não fique triste hoje porque o que aconteceu com você talvez resulte em grande alegria." (pág. 189)
Minha única ressalva dessa obra é que queria um final diferente. Queria que a autora tivesse explorado um pouco mais sobre o "depois" de tudo que foi relatado. Senti apenas que faltou isso para que a obra ganhasse cinco estrelas. Mas exceto isso, Virginie Grimaldi trabalhou todos os aspectos de uma maneira sútil e sublime.
Para quem gosta de histórias marcantes, com uma jornada de autodescoberta, relações familiares e, acima de tudo, sobre amor, vai amar conhecer as personagens dessa história.
"Me ocorreu que nós, humanos, estaríamos em maus lençóis se não tivéssemos a capacidade de rir. Seriamos obrigados a sempre demonstrar nossas verdadeiras emoções." (pág. 205)
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Título original: Il est grand temps de rellumer les étoiles
Escritora: Virginie Grimaldi
Editora: Gutenberg
Páginas: 288
Ano: 2020
Gênero: drama familiar
Classificação: +15
SINOPSE
Anna tem 37 anos, está separada do marido e as dívidas não param de aumentar. Ela se desdobra para manter o trabalho como garçonete em um restaurante e sustentar as filhas, Chloé e Lily, com quem encontra apenas no café da manhã.
Chloé tem 17 anos. Uma adolescente cheia de sonhos prestes a desistir deles. É por meio de seu blog que vamos conhecendo melhor seus planos e desilusões. Lily, 12 anos, está com problemas na escola e o único a saber disso é Marcel, seu diário, e seu ratinho, batizado com o mesmo nome do pai, Mathias, que abandonou o barco quando ela tinha 5 anos.
Quando Anna se dá conta de que suas filhas não estão bem, ela toma uma decisão inesperada: levá-las em um motorhome, rumo aos países da Escandinávia, para ver a Aurora Boreal.
Chloé tem 17 anos. Uma adolescente cheia de sonhos prestes a desistir deles. É por meio de seu blog que vamos conhecendo melhor seus planos e desilusões. Lily, 12 anos, está com problemas na escola e o único a saber disso é Marcel, seu diário, e seu ratinho, batizado com o mesmo nome do pai, Mathias, que abandonou o barco quando ela tinha 5 anos.
Quando Anna se dá conta de que suas filhas não estão bem, ela toma uma decisão inesperada: levá-las em um motorhome, rumo aos países da Escandinávia, para ver a Aurora Boreal.
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